Mais uma carta de amor

É... tu não fazes o meu tipo... nem sei como me conquistaste assim. És magrelo, cabeludo, moreno.
Eu que sempre gostei de caucasianos fortes e de madeixas bem cortadas.

Também sei que não sou o teu tipo de magrela aloirada, alta com a expressão dócil de um coelhinho.
Sou, fera, sou bicho, sou anjo, MAS sou mulher.

E estou só. Assim como tu. Confortando-me nos braços amigos, sorrindo com a nossa solidão e, dela, aproveitando para fazer arte.

Sou prosa, tu verso. Não sei usar as métricas, não sei fazer canções... faço letras repetidas, anti-parnasianas, porém com a sinceridade de uma criança com menos de três anos.

E ingênua. É óbvio que não perceberás minha admiração por ti. Pois estás absorto na sua procura interminável... a princesa para quem olharás e dirás: "encontrei".

O fato é que, se não penetrares no meu mundo como um velho amigo, não conhecerás a verdadeira alma encantada que tu tanto esperaste a tua vida toda. É preciso entrar, aconchegar-te para quereres ficar.

Seja bem-vindo ao meu coração velado ao topo da árvore. Esquece todas aquelas maçãs da base e suba. Encontre-me. E seja meu bichinho... Rompe a casca e prova do doce que está guardado para ti. Tira-me o véu. Deixa eu te mostrar o quanto serás feliz.

3:23 PM